quinta-feira, 19 de novembro de 2015

António Vaz Gonçalves (1941 - 2015)


Morreu o Vaz! A notícia entristeceu todos os que conviveram com este homem discreto, gentil, prestável, que se cruzou com tantas gerações nas Agências Noticiosas.

Nascido a 26 de Março de 1941, em Freineda, Guarda, António Vaz Gonçalves era da fornada de Operadores de Telecomunicações que passaram pelas ANI/ANOP/NP/Lusa oriundos das Forças Armadas.

Admitido em 1964 na ANI, reformou-se da Lusa em 2003 e vivia em Marinhais, Salvaterra de Magos.

David Gomes, também ele Operador de Telecomunicações, recorda: Foi o Vaz que me avaliou quando prestei provas para entrar para a ANI. E sempre foi de uma gentileza e camaradagem sem igual. Um trabalhador incansável. Sempre Pronto a ajudar, sempre com um sorriso".

É isso. O Vaz acaba de partir, mas o seu sorriso gentil ficará para sempre na memória de quem o conheceu.

sábado, 7 de novembro de 2015

Para uma História das Agências Noticiosas - Memórias de Luís Lupi, fundador da Lusitânia III


Na entrada de Outubro de 1939 do seu Diário, Luís Lupi refere "Mais uma tentativa...". Trata-se do seu esforço para a fundação de uma agência noticiosa em Portugal. A futura agência chamar-se-ia... Lusa. Mas os esforços do depois fundador da Lusitânia seriam mais uma vez frustrados.

Acrescentamos ainda uma entrada de 9 de Outubro do mesmo ano, onde Lupi se refere às diligências das agências Reuter e Associated Press, num contexto de guerra na Europa e de um Portugal neutral. Luís Lupi, que até aí acumulava as funções de correspondente das duas, passa a ser apenas da norte-americana Associated Press, pois os Estados Unidos ainda eram país neutral, enquanto a britânica Reuter representava os interesses de um dos beligerantes, a Grã-Bretanha.

Material publicado em Memórias - Diário de um inconformista (1938 a 1943) II Volume (Lisboa, 1972)







Jantar das Agências - Natal 2015 - inscrições até 28 de Novembro


Da organização:

JANTAR DAS AGÊNCIAS

04.DEZEMBRO.2015

O Natal de 2015 está à porta e com ele o 6º grande jantar das Agências.

Este jantar é organizado para todos os que trabalham ou trabalharam na Lusa ou em qualquer uma das agências que a antecederam e com ele procura-se reunir todos os que têm em comum o facto de fazer parte de uma “casa” muito especial que é…a nossa.

Todos os anos, o número de participantes tem aumentado e esperamos que desta vez sejamos ainda mais para lembrar tempos passados e dar força aos que hoje continuam a fazer da agência a grande referência da comunicação social portuguesa.

Dia 4 de Dezembro de 2015, às 20h00
Local: Comuna – Teatro de Pesquisa
Morada: Praça de Espanha – Junto ao Hotel Novotel
*Tem estacionamento

MENU
queijo fresco
chouriço assado/azeitonas
pão saloio e broa
lombo de porco assado com castanhas/ameixas
(arroz e salada) arroz doce
rabanadas
vinho tinto / vinho branco / cerveja águas e sumos
café

Preço por pessoa: 17,50 €

Participe e seja solidário. Traga uma contribuição para o nosso cabaz solidário (arroz, massa, óleo alimentar, enlatados, etc). A Caritas irá recolher a nossa oferta. Confirme a sua participação até 28 de novembro por e-mail para: jantardasagencias@gmail.com

Depois do jantar teremos disco-jóquei e podemos dançar e conviver até mais tarde.

domingo, 1 de novembro de 2015

Para uma História das Agências Noticiosas - Memórias de Luís Lupi, fundador da Lusitânia II


Em 1938, quando a II Guerra Mundial já se desenhava no horizonte, Luís Lupi é, além de correspondente da britânica Reuter em Portugal (desde 1928), ainda correspondente da norte-americana Associated Press (desde 1932). É como correspondente dessas agências noticiosas que cobre a Guerra Civil de Espanha (1936 - 1939).

Figura controversa, salazarista convicto, assume-se anti-nazi e continua a ver adiado o seu projecto de criar uma agência noticiosa portuguesa, "que permitesse aos portugueses, onde quer que estejam, serem imediatamente informados do que acontecia a outros portugueses - fossem esses acontecimentos felizes ou infaustos - para que a distância, pela informação, fosse vencida!", como ele escreve nas suas Memórias, Volume II (Lisboa, 1972).

Luís Lupi refere a Havas (precursora da francesa Agence France Press), que monopoliza o noticiário em Portugal continental; a Reuter, que domina nos territórios das então colónias portuguesas; a soviética TASS. E fala do seu projecto de fazer a Reuter abrir uma delegação no Brasil. De qualquer modo, é Lupi quem está por detrás, em 1938, da pimeira ligação noticiosa directa diária entre Portugal e o Brasil (via Rádio Marconi).

Anti-nazi, Lupi refere com preocupação a agência noticiosa alemã DNB (a DNB Nachrichten Büro, que no pós guerra daria lugar, em 1949, à DPA - Deutsche Presse-Agentur), "que há tempos se vem a introduzir na imprensa portuguesa, oferecendo grátis e nalguns casos pagando pelo seu noticiário, exerce, nos últimos tempos, um verdadeiro assalto à opinião pública nacional".

"A Reuter foi banida da imprensa metropolitana portuguesa: seria substituída pela Havas, mas esta acha-se tão abalada na sua influência informativa tal como a França a oferece ao mundo, nesta ocasião, um triste espectáculo de desagregação político-social", afirma Lupi.

Para contrabalançar o caudal de propaganda do Reich, o correspondente em Lisboa da Reuter e da Associated Press consegue que informação anglo-saxónica penetre no Diário de Lisboa e no Diário de Notícias. Com grande irritação de Berlim, Ribbentrop, embaixador alemão em Londres (e depois ministro dos Negócios Estrangeiros) queixa-se do jornalista português ao embaixador português, Armindo Monteiro (pai do escritor Luís de Sttau Monteiro).

Por último, deixamos aqui uma entrada de 1939 nas Memórias de Lupi. Nela, refere-se António Ferro, Director do Secretariado da Propaganda Nacional, "que tudo compra, e a questão é apenas o preço". Ferro quer pagar à Reuter para que a agência fale melhor de Portugal. Lupi acha a ideia inconcebível. As duas personagens nunca se deram bem e há quem veja nisso os entraves que Lupi teve para concretizar o seu projecto mais querido - a criação de uma agência noticiosa portuguesa.